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Eram fotografias antigas...

AUTORES:
Lídia, EB 2/3 S.Dias, 6F: 14/06/2005

 

"Eram fotografias antigas que lembravam uma infância feliz, algures entre os livros e o mar. Nelas havia sempre, tutelar, a figura do pai, como os pais costumavam ser nesse tempo: sólidas personagens mais talhadas para a autoridade do que para o exercício do afecto. Ele abriu o álbum e reencontrou-se nessas fotografias, como se tivesse descoberto o fio de uma densa meada de lembranças, sonhos e mágoas. Tornara-se um homem triste, de poucas falas, tolhido por uma descrença funda. E contudo continuava a acreditar no poder redentor das palavras, mesmo daquelas que teimam em gerar emoções que perturbam e desafiam. Um cão ladrou lá fora, e já não podia ser nenhum dos cães da sua infância, pois esses tinham morrido há muitos anos. Olhou para o relógio e viu que estava atrasado para o encontro. Há quanto tempo não via aquele rosto e não ouvia aquela voz? Que portas se iriam reabrir ou fechar de vez no momento em que cruzassem olhares e dissessem de forma quase sussurrada: "Olá, como tens passado? Há tanto tempo que não nos víamos…"
Estava na hora de sair para o encontro. Olhou para o espelho, foi à casa de banho, penteou-se e reparou que parecia mais velho do que nas fotografias. Também não admira! Tinham passado vinte anos desde a última vez que se tinham encontrado. Pegou no chapéu e saiu de casa. O encontro era à beira-mar, ainda tinha que apanhar dois transportes e já estava atrasado cinco minutos. Entrou no autocarro para o centro da vila. Aí mandou parar um táxi, entrou e disse:
- Por favor leve-me ao bar O Mar Sem Sol, na praia A Luz do Sol.
- Está bem, mas vai demorar um bocadinho. – respondeu o taxista.
- Veja lá se consegue despachar-se porque eu estou atrasado para um encontro muito importante.- disse Janahtan.