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Era uma vez...

AUTORES:
Mariana: 24/03/2005

 

«Era uma vez um rapaz bem vestido que todos os dias corria para o emprego. Vivia num apartamento, nos arredores da cidade, e ficava até tarde, na noite, a pintar ou a folhear livros de imagens. Por isso nunca acordava a horas e chegava quase sempre atrasado.
Rua fora, aí vem uma linda rapariga a correr para o emprego, para a mesma repartição onde trabalha o rapaz. É de manhã cedo e o sacrifício é grande, porque ela gosta é de ficar por casa, a cuidar das flores do seu pequeno jardim. E sonha, sonha com o dia em que possa ter um campo só dela. Há-de cultivar muitas e muitas plantas, e depois vendê-las para mercados, hortos e para aquelas lojas da cidade onde se compram os ramos para as madrinhas.
Quando calha de chegar mais cedo, o rapaz repara no atraso dela. E sorri. Quando é ela a primeira, diverte-se a vê-lo entrar esbaforido, fora de horas.
– Um atrasadinho – diz ela.
– Uma atrasadinha – diz ele. E piscam o olho um ao outro.
– Estou cansado deste emprego – confessou ele certa manhã. – Do que gosto é de pintar. Mas quando chego a casa, a luz do dia já se foi… E um pintor sem a luz da manhã é como um jardim sem flores.»

- Pois é, eu também preferia estar neste momento em minha casa a cuidar do meu jardim que está tão florido. Está quase a chegar a altura do Inverno e não vou ter tempo de semear os lírios que tinha planeado.
- É...a nossa vida é difícil, as coisas nem sempre correm como nós planeamos.
- Às vezes devíamos pensar um bocado mais em nós!
- Desculpa, adoraria passar o resto do dia a falar contigo sobre as nossas vidas, só que está na hora.
- Nem dei conta do tempo a passar, mas lá teremos de ir.
- Então até logo!
- Até logo!
Eram os dois tão parecidos, tantas opiniões iguais, parecia que se conheciam há anos. São bons amigos é claro!
O rapaz vai para o seu apartamento sozinho e solitário, sem namorada, sem companhia, completamente sozinho...E diz-se o mesmo da rapariga, lá vai ela solitária para a sua casa.
-Adorei falar com ele, acho que devo falar mais vezes.
No dia seguinte repete-se o mesmo. O rapaz atrasado, a rapariga atrasada.