O cigarro é frequentemente visto como uma forma de socialização, um sinal de pertença, principalmente entre os/as jovens de 18 a 25 anos. Os/As jovens estudantes chegam mesmo a considerar o tabaco um agente anti-stress.

Fumar é um ato trivial para a maioria dos/as fumadores/as, mas os cigarros são uma droga que afeta significativamente a sua saúde e a das pessoas ao seu redor.

Em 2017, de acordo com estimativas elaboradas pelo Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME) (1) morreram em Portugal mais de 13 000 pessoas por doenças atribuíveis ao tabaco, das quais 10 588 eram homens (18,6% do total de óbitos). Este número refere-se apenas aos fumantes ativos.

Em Portugal, a prevalência de consumo de tabaco, em 2017, foi de cerca de 30% (2). Os estudos nacionais e internacionais com estudantes do ensino superior mostraram que 1 em cada 5 estudantes era fumador/a (3).

O tabaco contém nicotina, esta última é altamente viciante e atua diretamente no sistema nervoso central, causando uma dependência complexa. Para a grande maioria dos/as fumadores/as, parar de fumar é, portanto, uma verdadeira provação. Frequentemente, são necessárias tentativas repetidas antes da cessação permanente do consumo de tabaco.

Tipos de dependência do tabaco

Dependência física

Isso resulta numa sensação de falta de nicotina, sendo os sinais mais frequentemente observados:

  • Impulsos fortes para fumar;
  • Irritabilidade;
  • Nervosismo;
  • Inquietação;
  • Ansiedade;
  • Distúrbios do sono;
  • Humor deprimido;
  • Distúrbios de concentração intelectual;
  • Aumento do apetite ou constipação.

Dependência psicológica

Essa dependência está ligada aos efeitos psicoafetivos da nicotina, que proporcionam prazer e relaxamento.

O/A fumador/a que apresentar sinais desse tipo de dependência dirá que precisa de um cigarro para se sentir menos stressado/a, menos ansioso/a, ou que precisa de um cigarro para relaxar, refletir ou superar suas emoções.

Essa forma de dependência é mais complexa e pode se manifestar logo após o primeiro cigarro ser fumado.

Dependência ambiental ou comportamental

É uma forma de dependência que depende sobretudo das circunstâncias sociais que suscitam o desejo de fumar.

Assim, a pressão social e a influência de pares de cada fumador/a arcam com toda a responsabilidade por essa dependência.

As consequências do tabaco na saúde e na sociedade

  • Problemas cardiovasculares : hipertensão (muita pressão nas artérias);
  • Doenças relacionadas ao diabetes: os/as fumadores/as têm maior probabilidade de desenvolver diabetes porque os cigarros causam resistência à ação da insulina;
  • Problemas respiratórios: se fumar nem sempre leva ao cancro, tem sempre efeitos negativos na respiração. Os alcatrões presentes num cigarro depositam-se nas paredes dos órgãos respiratórios e causam uma redução significativa na capacidade respiratória;
  • Interrupção da gravidez: mulheres que não param de fumar durante a gravidez têm maior probabilidade de sofrer um aborto espontâneo, gravidez ectópica, hematomas retro-placentários e parto prematuro;
  • Impactos na pele: fumar provoca envelhecimento prematuro da pele;
  • As cordas vocais: ficam muito irritadas, estão mais sujeitas à laringite crônica: os/as fumandores/as costumam ter uma voz mais rouca e disfonia;
  • Mau hálito: é muito comum, facilmente reconhecido e é impossível livrar-se dele sem parar de fumar;
  • Variações de peso: a nicotina atua como um supressor do apetite, pois diminui o apetite, mas também aumenta o gasto de energia e retarda o armazenamento de gordura;
  • Distúrbios do sono: o/a fumador/a sente sempre uma sensação de carência perpétua que só é aliviada por um cigarro, o seu corpo está constantemente à espera o próximo cigarro. A nicotina aumenta a frequência cardíaca e a pressão arterial, apesar da sensação de calma. Essa tensão permanente interfere no adormecimento e no sono.

Por fim, o tabaco pode afetar sua fertilidade, mas da maneira errada:

  • Multiplicação de problemas de impotência em homens;
  • Diminuição da secreção de testosterona resultando em diminuição da líbido (nos homens);
  • Diminuição da espermatogênese e da qualidade do esperma em homens;
  • Diminuição da fertilidade em cerca de um terço nas mulheres;
  • Tempo para o início da gravidez mais tarde, após interromper os anticoncepcionais.
Fontes:
(1) Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME). GBD Compare [em linha]. Seattle, WA: IHME, University of Wshington, 2017. [Consult. 2019, 9 maio] Disponível em: https://vizhub.healthdata.org/gbd-compare/
(2) Balsa C, Vital C, Urbano C. IV Inquérito Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoativas na População Geral, Portugal 2016/17 [Internet]. 2017 [cited 2018 Feb 6]. Available from: http://www.sicad.pt/PT/Documents/2017/INPG 2016_2017_I relatorio final_dados_provisorios.pdf
(3) Alves RF, Precioso J, Becoña E. Smoking behavior and secondhand smoke exposure among university students in northern Portugal: Relations with knowledge on tobacco use and attitudes toward smoking. Pulmonology. 2020;10.1016/j.pulmoe.2020.03.004.