Editorial

Isabel Carvalho Viana, Carlos Silva, Carlos Ferreira

Resumo


Já nos habituamos a escutar que é urgente repensar a escola, o currículo, com o desígnio de melhor agarrar os compromissos com os direitos humanos, com a agenda 2030 (ONU, 2016), no que diz respeito à aprendizagem e ao desenvolvimento humano. Sabemos ser urgente responder aos desafios societais atuais, à complexa transformação da educação, dos sistemas educativos, que, no Pós-COVID-19, nos exigem um currículo que torne mais efetivas as respostas às aspirações e ideais sociais sobre a qualidade da educação, qualidade esta que a UNESCO (2020) considera fundamental para a construção da paz. Para tal, é necessária uma melhor compreensão sistémica e holística do currículo, capaz de contribuir, de forma autêntica, para a sustentabilidade de um hoje com amanhã melhor, equitativo e justo.
A cidadania global, como é do nosso conhecimento, é anunciada pelas Nações Unidas como um termo com amplitude mundial, associada a ações sociais e políticas, ambientais e económicas de indivíduos e comunidades. Este entendimento traz consigo a convicção de que as pessoas são membros de redes diversas, locais e não locais. A cidadania global, em benefício do desenvolvimento sustentável, possibilita que as pessoas assumam responsabilidade social para agir em prol de todos e de cada um. A cidadania global está conectada com o Objetivo de desenvolvimento Sustentável (ODS 4), que nos fala em “Garantir Educação Inclusiva e de Qualidade para todos e Promover a Aprendizagem ao Longo da Vida” (ONU, 2016, p. 8). Por seu turno, a criatividade e a cidadania global são dois termos cada vez mais comuns nos dias de hoje, têm muito em comum, são ambos complexos, defendem uma dimensão socioeducativa crítica que valoriza a responsabilidade coletiva, a ética, o diálogo intercultural e a participação democrática. Neste contexto, o currículo é o núcleo para tornar a educação uma realidade com todos e por todos, um espaço transversal de debate coletivo, capaz de construir o global a partir do local, de aproximar a escola e as famílias, de valorizar as pessoas conectadas com o meio e a sua pluralidade. Opertti (2020, p. 4), num documento de trabalho sobre “Questões atuais e críticas do currículo, aprendizagem e avaliação”, intitulado “Dez pistas para repensar o currículo”, identifica dez pistas interconectadas para repensar o currículo, são elas: compreender as novas gerações; combater os fatores relacionados com a vulnerabilidade; reforçar o entendimento entre a escola e as famílias; aprofundar a educação glocal; potenciar o enfoque na pessoa; promover sinergias entre valores; valorizar a diversidade; apostar numa educação que potencie a liberdade; avançar com formas híbridas na educação; e inspirar afeto pelos educadores.


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