Editorial

Resumo

Vivemos uma situação tumultuosa em que, por um lado, temos o estado de guerra, aparentemente infindável, por outro, assistimos à tragédia ambiental, numa escala glocal, e a níveis altamente diferenciados, e diferenciadores, de riqueza, que aprofundam o galopante acentuar de desigualdades sociais. A estes sintomas, os regimes, com retóricas que se ampliam em nome da democracia, mas que não são mais do que evidências de rutura dos sistemas, reagem cada vez mais de forma repressiva e autoritária (Chomsky & Waterstone, 2021). Este estado de situação configura o quotidiano das pessoas em todo o mundo, expectante com as transições digital, ambiental e educacional. No plano educacional, que nesta edição ambicionamos destacar discussões que com ela se articulam, particularmente, as que se relacionam com os estudos curriculares, cruzam-se questões colocadas no passado com os desafios societais atuais, num plano universal. Vivemos num mundo dinâmico e emaranhado, onde se exige muito à educação, ao currículo, à escola, e se espera que os sistemas educativos possam responder de forma transformadora, atribuindo-lhes o ónus de motor de desenvolvimento, na esperança de se alcançar o bem comum e a coesão social. Neste âmbito, damos realce ao trabalho que a UNESCO (2022) vem desenvolvendo, consubstanciado, de forma muito relevante, no relatório “Reimaginar nossos futuros juntos: um novo contrato social para a educação”, que nos fala da importância da educação para a transformação do mundo, por forma a assegurar futuros coletivos sustentáveis, justos e pacíficos para todos, alicerçados nos direitos humanos. Um novo contrato social para a educação capaz de projetar a educação como uma força pública e um bem comum.