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S. Petersburg, 1921. Eu entre o meu pai Aron e minha mãe Rosa. Tenho 2 anos de idade e sou a primogênita: a princesa, ainda filha única (os dois irmãos viriam, o do meio, menos de 2 anos depois, e, o caçula temporão, 8 anos depois). Na verdade, eu fui “irmãe” do irmãozinho porque mamãe, cirurgiã dentista, me deixava cuidar dele, o que eu fazia com prazer e orgulho.

  Tatiana Belinky  

 

Eu, quando completei 30 anos, em São Paulo, 1949, casada com o médico psiquiatra e educador Júlio de Gouveia, e já com dois filhos, paulistanos natos, ainda pequenos. Foi a época em que me senti bem, porque finalmente consegui fazer as pazes com o espelho, que me deixou de tratar como inimiga.

  Tatiana Belinky  

 

Foto “oficial” de Tatiana e Júlio, quarentões, já em plena atividade na televisão Tupi de São Paulo, com a grande programação de nosso grupo semi-amador Tesp (Teatro-Escola de São Paulo) e um teleteatro ao vivo, com três séries semanais (2 capítulos de “minisséries”, de cerca de 40 minutos sem intervalo comercial) e um capítulo da primeira adaptação para TV do Sítio do Pica-pau Amarelo, de Monteiro Lobato – realizando “milagres” ao vivo – “trapézio sem rede”, sem nada de parecido com os recursos tecnológicos de hoje. E sem falar no nosso “teatrão” de domingo, peças inteiras de cerca de uma hora e meia de duração. Eu era a roteirista, autora das teatralizações, adaptações, etc, de peças de teleteatro, sempre baseadas em textos literários de várias origens, dos melhores autores nacionais e estrangeiros. E Júlio, talentosíssimo, era produtor, diretor artístico e apresentador de todos os programas. Uma “temporada” que durou mais de 12 anos, sem interrupção.

  Tatiana Belinky  

 

Foto de Monteiro Lobato, a quem tivemos, o Júlio e eu, o prazer e o privilégio de conhecer pessoalmente. Sendo que, por estranho que pareça, foi ele que nos procurou, graças a um artigo que o Júlio escreveu para uma revista de época, que Lobato leu e apreciou – bem antes de sermos conhecidos, porque na época, meados dos anos 40, ainda não existia televisão no Brasil. Lobato não chegou a conhecer o “nosso” Sítio do Pica-pau Amarelo.

  Tatiana Belinky  

 

E nem a nossa grande e inimitável Emília, nada menos do que a encarnação da genial “boneca de pano recheada de macela” criada para todo o sempre pelo “pai” dessa figura já clássica da literatura infantil brasileira. Aliás, não só infantil, mas da literatura brasileira como um todo. Eu considero a Emília, como personagem feminino, tão importante como Capitu.

  Tatiana Belinky  

 

Aqui estou com Michka, o primeiro e único urso de pelúcia, que eu só mereci ganhar lá pelos quase sessenta anos, de meu amigo e brilhante diretor de teatro adulto, Abu – Antônio Abujanra. Era o que me faltou na infância – eu só tive dois bichos de pelúcia, antes de vir para o Brasil: eram uma rapozinha e um cachorrinho. Michka posou comigo em muitas fotos e marcou presença em muitos dos meus livros.

  Tatiana Belinky  

 

Em 1999, fiz 80 anos, 80 anos de idade e 70 anos de Brasil, São Paulo. Só não é mais brasileiro e paulistano do que eu quem é paulistano nato, maior de 70 anos... Nesta foto, estou entre duas “Emílias” na festa-surpresa desse meu memorável aniversário – memorável para mim, porque foi uma festa linda. E eu tive fôlego para apagar as 80 velinhas do meu megabolo.

  Tatiana Belinky  

 

Nesses 70 anos de Brasil, tive tempo de fazer “de um tudo”, como dizem aqui. “Estive” tradutora de literatura adulta, do russo, alemão, inglês. Roteirista de TV, jornalista, crítica de literatura e teatro infanto-juvenil, autora de muitos livros para crianças e jovens, diretora do setor infanto-juvenil da CET (Comissão Estadual de Teatro de São Paulo) e da Comissão de Literatura da Secretaria de Cultura do Estado e outros “eteceteras”... Hoje “sou” escritora e “versejadora” para crianças e jovens. E acho que, aos 87 anos, não tenciono mais “mudar de assunto”. Faço o que gosto e gosto de fazer o que faço. Não é uma sorte?

  Tatiana Belinky