Nasci no dia 16 de Julho em Vilarelho, uma aldeia muito pequenina, que fica no concelho de Baião. De Vilarelho vê-se a serra do Marão.
Quando era pequeno nevava todos os Invernos. E eu lembro-me do fascínio dos bonecos de neve e da minha imaginação. Aliás escrevo isso no livro “ Sonhos de Natal”.
Quando tinha seis anos fui para a escola da D. Teresa e recebi uma cabra que o meu pai foi comprar à feira.
Depois das aulas eu ia guardar a cabra que se chamava “ Badeja”, mas sempre fui um fraco pastor. A culpa era da Nininha. Eu explico melhor: Nininha era uma macieira baixinha onde eu me empoleirava para ler, fazer os deveres e decorar a tabuada (o tempo que eu demorei a fixar que sete vezes nove são sessenta e três, respondia sempre setenta e dois….)
Os primeiros livros que li fui buscá-los à carrinha da Biblioteca Itinerante da Gulbenkian, que passava todos os meses ao cimo de Vilarelho, perto da residência paroquial.
Lembro-me que o primeiro livro que li era da colecção Nodi.
Além de andar na escola, guardar a cabra, ir à fonte buscar água, também aprendi com o meu pai a fazer chancas e tamancos, coisas que agora parecem pré-históricas!
Fiz milhares de pares de tamancos de verniz para mulheres e milhares de chancas para crianças e homens. Meu pai trabalhava sempre com o rádio ligado na Emissora Nacional e ouvíamos Mozart, Chopin, Bethoven… Agora enternece-me falar disso.
Feita a quarta classe fiz o 2º ano na Telescola de Baião. Para ir estudar tinha de fazer todos os dias três quilómetros a pé (e nessa altura não se usavam mochilas, eram pastas de executivo!)
Depois fui para Penafiel continuar os estudos. Fiquei hospedado num quarto que não tinha janelas, e comia na Pensão Jaime.
Em Penafiel aprendi a gostar de cinema, mas continuei a ler. Aos treze anos publiquei, num jornal chamado “Tempo”, o meu primeiro texto. Depois desatei a escrever poemas que foram publicados num jornal que ainda existe: “ Notícias de Penafiel”. Eu guardava os jornais religiosamente, mas um dia o Celso, meu colega e a viver noutro quarto da casa onde estávamos hospedados, ficou com os sapatos rotos e descobriu que os jornais serviam muito bem para meias-solas. Os meus primeiros escritos andaram, como já perceberam, a desfazer-se nas calçadas.
Com 18 anos era professor. Fui dar aulas para a escola de Almofrela, na serra da Aboboreira, sítio onde tive tanto frio, tanto frio. Hoje dou aulas na sala onde a D. Teresa ensinou. E os meus alunos já são filhos dos meus ex-alunos. Conclusão: estou velhote e a precisar de reforma.
Foi em Almofrela que comecei a escrever para crianças.
Casei, tenho dois filhos, já plantei muitas árvores (sobretudo oliveiras, que adoro), e já publiquei muitos livros.
Escrevo romances para jovens. Exemplos: Os sonhadores , Pedro Alecrim, ( que teve o Prémio Gulbenkian de Literatura Para Crianças e Jovens ), Os Heróis do 6º F, Pardinhas, Cortei as tranças, O Agosto que nunca esqueci, Filhos de Montepó, etc.
Escrevo também para os mais pequenos: Se tu visses o que eu vi, As andanças do senhor Fortes, O grilo Verde, etc. Tudo somado dá mais de 40 livros.
Ainda tenho mais alguns para publicar. E dois desejos: ter uma estufa para semear e ver crescer alfaces, tomates e coentros, e tempo disponível para me tornar um bom pescador.